A viagem celeste do faraó

Câmara mortuária de Unas: a decoração interna das pirâmides era composta basicamente de textos. Note-se, aqui, a decoração de estrelas no teto da câmara que abrigava o sarcófago do Rei Unas (último faraó da V Dinastia), em sua pirâmide em Saccara

Câmara mortuária de Unas: a decoração interna das pirâmides era composta basicamente de textos. Notem-se, aqui, as estrelas no teto da câmara que abrigava o sarcófago do Rei Unas (último faraó da V Dinastia), em sua pirâmide em Saccara, revelando o caráter eminentemente celeste de sua viagem post mortem

O Livro das Pirâmides, uma compilação de fórmulas mágicas e rituais escritas nas paredes das galerias e câmaras das pirâmides (i.e., no Antigo Império, até a VI Dinastia — c. 2345-2181 a.C.) a fim de auxiliar o faraó após a morte e expressam, portanto, as crenças relativas ao destino post mortem do rei.

Esses escritos soltos deixam transparecer uma doutrina ainda marcada por contradições e imperfeitamente sistematizada, na tensão entre Rá e Osíris. “A maioria dos enunciados repete com ênfase que o faraó, filho de Atum ( = Rá), gerado pelo grande deus antes da criação do mundo, não pode morrer; mas outros textos garantem ao rei que seu corpo não sofrerá decomposição. Trata-se de duas ideologias religiosas distintas, ainda insuficientemente integradas” (Eliade, p. 100). Embora muitos textos revelem a expectativa de restauração corporal, em uma clara alusão ao complexo mítico-ritual oririano, porém, a maioria trata da viagem celeste do faraó ao encontro de Rá, seu pai.

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