Seu nome, que significa “Viajante” (ou ainda “Aquele que Encontra o Caminho”, “o Defensor” ou “o Protetor”) reflete o fato de que a Lua (iah, em egípcio) viaja através do céu noturno — e, conforme se acreditava, protegia os viajantes. Como deus da luz no meio da noite, a proteção de Khonsu era invocada tanto contra animais selvagens quanto para aumentar a virilidade masculina e ajudar na cura. Dizia-se que, quando Khonsu fazia brilhar a lua crescente, as mulheres concebiam, o gado ficava fértil e todas as narinas e todas as gargantas se enchiam de ar fresco.
Como “Khonsu” também pode significar “placenta do rei”, nos primeiros tempos acreditava-se que ele matasse os inimigos do faraó e lhes extraía as entranhas para criar algo semelhante a uma placenta para o rei — aspecto sanguinário que fazia com que fosse denominado, em textos antigos como os dos Livros das Pirâmides e dos Sarcófagos, como “Aquele que vive dos corações”. Com o tempo, porém, esse aspecto feroz se abrandaria; acabou sendo associado também de modo mais literal às placentas e, como deificação da placenta faraônica, tornou-se um deus relacionado ao parto. Sua reputação como curador ultrapassou as fronteiras do Egito; uma estela registra como uma princesa de Bekhten foi imediatamente curada de uma doença com a chegada de uma imagem de Khonsu [em inglês, aqui]. E Ptolomeu IV, uma vez curado de uma doença, passou a se intitular “Amado de Khonsu, que Protege Sua Majestade e Afasta os Maus Espíritos”. No Novo Império, chegou a ser descrito como o “Maior Deus dos Grandes Deuses”, tendo substituído Montu como filho de Mut na tríade tebana; em seu templo em Karnak, há uma cosmogonia em que ele é descrito como a grande cobra que fertiliza o Ovo Cósmico na criação do mundo.
Khonsu costuma ser retratado como uma múmia com o símbolo da infância, a cabeça raspada deixando apenas uma madeixa na lateral, e, às vezes, com o colar menat e o cajado e o açoite. Tem íntima ligação com outras crianças divinas, como Hórus, e às vezes apresenta-se com cabeça de falcão, adornada com o disco solar e o crescente da lua nova, que sustenta o disco da lua cheia. Ocasionalmente se apresenta montando um ganso, carneiro ou dois crocodilos. Seu animal sagrado era o babuíno, considerado um animal lunar pelos antigos egípcios.